PUBLICADO EM 20 de dez de 2017
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A elite brasileira sempre foi retrógrada, afirma o diretor do SinPro-SP, Ailton Fernandes

Segundo o professor Ailton Fernandes, os imigrantes europeus que chegaram ao Brasil para trabalhar no campo eram tratados como escravos. Endividados, muitos foram morar nas senzalas e, muitas vezes, recebiam castigos corporais. Isto porque a elite brasileira, coronelista, sempre foi autoritária e retrógrada. Com a incipiente industrialização, parte desses trabalhadores foi para as cidades levando a revolta contra o coronelismo observado no campo.

Segundo o professor Ailton Fernandes, os imigrantes europeus que chegaram ao Brasil para trabalhar no campo eram tratados como escravos. Endividados, muitos foram morar nas senzalas e, muitas vezes, recebiam castigos corporais. Isto porque a elite brasileira, coronelista, sempre foi autoritária e retrógrada. Com a incipiente industrialização, parte desses trabalhadores foi para as cidades levando a revolta contra o coronelismo observado no campo.

Esta consciência, esta revolta e esta luta evoluíram em cem anos. Melhorou para os trabalhadores, ao menos no que é essencial. Ailton, que é também diretor do Sindicato dos Professores de São Paulo, observa que hoje, para manter os direitos e avançar na justiça social, o trabalhador precisa do sindicato.

Por André Cintra e Carolina Maria Ruy

Contexto internacional

André: A primeira pergunta é sobre esse simbolismo do ano de 1917. No mundo ocorre a Revolução Russa, está desencadeada a Primeira Guerra Mundial e, no Brasil, um dos fatos mais notórios é a greve de 1917. Você apontaria alguma conexão entre essa realidade externa e a local?

Ailton: A greve de 17 explodiu na cidade de São Paulo sem a influência da Revolução Russa, que estava acontecendo naquele momento. Ainda não havia uma ligação direta entre o que acontecia na Rússia, a movimentação política que acontecia lá, e o que aconteceu em São Paulo. Na verdade, se a gente pudesse traçar um fato que antecedeu a greve de 17 em São Paulo, e que depois se espalhou pelo Brasil, eu diria que foi a Segunda Internacional, criada em 1889, organizada pelo Friedrich Engels, em que os socialistas começaram a discutir as transformações da sociedade de uma maneira um pouco mais, como posso dizer, visceral.

Uma das bandeiras da greve saiu da Segunda Internacional: a jornada de trabalho de oito horas e a semana inglesa, que seria de cinco dias de trabalho mais meio dia no sábado. Muitas vezes a greve foi até espontânea, mas as coisas estavam acontecendo no mundo.

A greve também está intimamente ligada à Primeira Guerra Mundial. Um dos estopins foi a carestia, o aumento do preço dos alimentos, porque o Brasil sempre foi um país exportador de comida, de gêneros alimentícios, e vendia-se mais para fora do que dentro do País, então o mercado interno ficou desabastecido e a inflação explodiu. Essa conjuntura do início do século 20 se refletiu na cidade de São Paulo por conta de um problema local, que foi justamente essa questão da alimentação, da carestia e, lógico, dos grupos anarquistas, dos trabalhadores que começavam a se organizar naquele momento e observaram a possibilidade de avançar na busca de direitos. Daí a greve!

O trabalhador brasileiro

André: Quem era o trabalhador brasileiro? Em qual mão de obra está a informação nesse período?

Ailton: Olha, o Brasil era um país agrário, com grande parte de sua população morando ainda no campo. Nós tínhamos recentemente abolido a escravatura. Estávamos começando a engatinhar na industrialização em São Paulo, recebendo muitos imigrantes europeus que iam majoritariamente trabalhar no campo, até mesmo para substituir a mão de obra escrava.

Ocorre que no Brasil sempre tivemos uma elite autoritária e retrógrada. Nunca tivemos uma revolução burguesa que efetivamente criasse um mercado consumidor interno. A elite brasileira, baseada no coronelismo, sempre foi muito retrógrada. Esses operários, digo, essa massa de imigrantes que veio trabalhar no campo, era tratada como se fossem escravos. Chegavam endividados, muitos vinham morar e dormir nas senzalas e, inclusive, recebiam castigos corporais. Então houve uma fuga do campo para a cidade.

A situação era tão grave que países proibiram a imigração para o Brasil. O imperador alemão chegou a baixar um decreto impedindo que os alemães imigrassem para o Brasil, tais eram os relatos dos maus-tratos que aqui existiam. Essa população, que saiu do campo fugindo dessas condições degradantes, carregou um espírito de contestação, porque eles sabiam que encontrariam condições parecidas nas cidades. Mesmo porque as primeiras indústrias de São Paulo, tirando os grandes imigrantes, como o Matarazzo e o Crespi, eram dos produtores de café. Então, como era esse operariado? Era um operariado formado por pessoas que carregavam essa revolta.

Como eu disse no início da nossa conversa, estávamos sob a luz da Segunda Internacional, que foi uma tentativa de organizar uma oposição à burguesia vigente na Europa. Muitos desses imigrantes tinham contatos na Itália, na Espanha e em outros lugares, com jornais, com círculos de intelectuais que contestavam a sociedade vigente. Muitos, inclusive, vieram para cá fugidos da polícia, porque foram perseguidos lá. Esse foi o caldo de cultura que formou o operariado de São Paulo.

Condições degradantes

Uma das bandeiras da greve geral foi justamente a proibição do trabalho para menores de quatorze anos. Porque havia castigos corporais nas fábricas, sobretudo contra as crianças.

Estávamos vivendo plena Segunda Revolução Industrial. As fábricas trabalhavam dia e noite. Havia uma grande demanda por produtos porque a Europa estava em guerra e lá a produção fabril diminuiu sensivelmente. Isso impulsionou a industrialização no Brasil. E o que acontecia aqui era um reflexo do que acontecia nas fábricas europeias: a superexploração do trabalho, os maus-tratos, condições insalubres, péssima ventilação, barulho excessivo, opressivo, porque as máquinas eram gigantescas.

Alguma coisa travava as máquinas as crianças chegavam a entrar na máquina. Imagina quantas crianças morreram assim? Tem até um filme que trata sobre isso, de uma greve na Bélgica: só a criança conseguia destravar uma máquina que voltou a funcionar com ela lá dentro. E ela entrava porque só ela cabia. Perdia braços ou sofria outros tipos de mutilações.

Mulheres

André: A mão de obra nessas fábricas de São Paulo era majoritariamente feminina. Muitas mulheres. Como elas se organizavam? Como elas foram para a luta?

Ailton Fernandes: Eu estava justamente conversando com algumas pessoas sobre esse tema e um grande amigo me disse que a companheira dele, Poliana Alves, está fazendo uma pesquisa sobre a mulher na Greve de 1917, na PUC. Ela me relatou que a mulher era majoritária e que, além de sofrer a exploração que todo trabalhador sofre, baixos salários, grande quantidade de horas de trabalho e ambientes insalubres, elas ainda sofriam com o assédio sexual e moral dos seus chefes. Era absolutamente comum uma mulher ser assediada ou até mesmo sofrer violência sexual por conta desse autoritarismo que impera na sociedade brasileira.

Há um manifesto em que as mulheres se dirigiram aos policiais pedindo a eles que não fizessem a repressão, lembrando que eles também eram trabalhadores explorados, que também os filhos deles precisavam de pão da mesma forma que os filhos delas. E, segundo a Poliana, muitos policiais desertaram após esse manifesto. Então, apesar de a gente sempre falar dos homens como fonte de liderança, sempre os anarquistas nunca as anarquistas – a gente sempre utiliza o artigo masculino –, as mulheres tiveram um papel fundamental nesse movimento de 1917, porque, se elas eram a maioria dos trabalhadores, elas também eram a maioria dos grevistas.

André: É engraçado que a gente fala da entrada da mulher no mercado de trabalho, mas historicamente isto é uma coisa relativa, porque elas, já naquela época, participaram de forma muito ativa, por exemplo, nessas fábricas, não é?

Ailton Fernandes: Foi bom você ter falado nisso, porque outro aspecto que se coloca das mulheres é que elas cumpriam as mesmas funções, mas ganhavam menos. Outro motivo, além dessa violência cotidiana que a mulher sofria, era a questão de os salários serem diferenciados por serem mulheres. A mulher grávida trabalhava na máquina até a hora de dar à luz. Quantas não deram à luz dentro da fábrica? Após o resguardo, como diziam os antigos, elas tinham de voltar a trabalhar porque não havia nenhuma proteção à condição da maternidade. Essa foi também uma das bandeiras da Greve de 1917.

André: Muitas levavam até o bebê junto para o trabalho…

Ailton Fernandes: Sim, ela precisava amamentar. Você consegue imaginar um recém-nascido em um lugar insalubre como este que a gente retratou? E ao amamentar também, porque se perdia minutos de trabalho, o que, em muitos casos, era passível de desconto.

Cotonifício Crespi

André: E por que essa greve irrompe no Cotonifício Crespi?

Ailton Fernandes: Eu penso, André, que a resposta para sua pergunta é o autoritarismo exacerbado do Crespi. O Crespi e o Matarazzo acabaram com o mito do self-made man, aquele que se faz sozinho, porque dizem que eles vieram pobres para cá e enriqueceram trabalhando. Não foi nada disso. Eram pessoas de posses na Itália e em toda a Europa. Oservando o início da guerra, os canhões já começando a troar no continente, pegaram suas fortunas e vieram para a América. Tanto aqui para o Brasil quanto para os Estados Unidos. Eles trouxeram o ranço autoritário de lá, porque lá eles também eram capitalistas. E, no caso do Crespi, a situação chegou a um ponto extremo, principalmente porque em sua fábrica os trabalhadores faziam muitas horas extras e não recebiam. Qualquer reclamação, qualquer pedido era reprimido, podendo até ser demitido. Isso fez com que a coisa estourasse primeiro no Crespi, porque ali existia esse problema a mais.

André: A greve começa nos têxteis, mas vai ganhando corpo com o passar do tempo…

Ailton Fernandes: Cervejarias, comércio, a cidade para. Foi uma greve geral. Vou me permitir citar outro livro aqui, do Roberto Pompeu de Toledo, A Capital da Vertigem. Ele fala que a greve se espalhou pela cidade inteira, parando tudo, inclusive os transportes descrevendo, até com certa simpatia, esse movimento. Assim como um ato heroico dos trabalhadores. Esse capítulo do livro me marcou bastante.

Simpatia à greve

André: Na época também houve uma simpatia à greve, e essa solidariedade nessas camadas médias começam a tomar um vulto.

Ailton Fernandes: Naquele ano já se formava uma espécie de elite pensante em São Paulo. Já existia a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o Mackenzie, colégios de classe média alta. Não era mais necessário ir à Europa para estudar, como era comum na época do Império. Logo depois ocorreu até a Semana de Arte Moderna, de 1922, por conta desses intelectuais que estavam surgindo.

É curioso que o quadro mais significativo da Tarsila do Amaral mostra o operariado brasileiro, não é? Havia uma efervescência cultural aqui, a classe média tinha acesso a livros, a bibliotecas, a discussões, a saraus, e isso resultou em uma simpatia pelo movimento. Foi um momento em que o Brasil estava se voltando para si, criando uma identidade nacional. Penso que essa simpatia da classe média com relação aos trabalhadores se dá por conta disso, dessa discussão intelectualizada.

José Ignes Martinez

André: Um episódio muito célebre dessa greve foi a morte do Martinez, não é? Como que esse fato mudou os rumos?

Ailton Fernandes: O nome dele é José Ignes Martinez. Esse Ignes aí não engana, ele é de origem basca. Um jovem de 22 anos que veio de uma região da Europa onde a discussão é muito intensa devido ao histórico desejo de se separar da Espanha, que perdura até hoje. Ele era o exemplo do operário que veio despertar a consciência dos operários brasileiros. Sua morte demonstrou que havia essa agitação e que havia, naquela época, um estado policiesco, de exacerbada repressão. Não por outro motivo um presidente da República, Artur Bernardes (presidente entre 1922 e 1926), disse que a questão social era um caso de polícia. A morte dele foi como a morte de qualquer mártir. Ela provoca. Sobre o enterro, mais uma vez vou citar o Roberto Pompeu de Toledo, ele diz que o enterro do Martinez foi uma convulsão, uma enorme passeata que saiu do Brás e foi até o Cemitério do Araçá. Mais uma vez o movimento despertou a solidariedade.

E nós nem estávamos falando de uma sociedade onde havia instrumentos de comunicação maciços. Eram só jornais. E os grandes jornais tiveram de noticiar porque foi um fato gigantesco. Então A morte do Martinez furou um bloqueio da mídia, como o Estadão, que já existia nessa época, com certeza. A morte do Martinez, que a gente lamenta, lógico, como qualquer morte, ainda mais porque era jovem e porque era um cara que trouxe ideias que iluminaram o operariado daqui, desencadeou essa solidariedade que desembocou na Greve Geral de 1917.

Carol: Por que mesmo tendo morrido tantas pessoas ele se tornou um mártir?

Ailton Fernandes: Porque foi o primeiro, talvez. A greve é um acontecimento, mas dentro desse acontecimento existem momentos que se destacam. E a morte do Martinez foi esse momento de destaque. É triste falar isto, mas depois, como as mortes ocorreram em quantidade, elas também acabaram não tendo a relevância que deveriam ter. Infelizmente, aliás, a gente nem sabe o nome dos outros que morreram, mas a gente sabe que houve mortes no Largo da Concórdia, e que ocorreram confrontos bastante violentos.

Comitê de Defesa Proletária e Comissão de Imprensa 

André: Quando a greve ganha essa dimensão surgem dois instrumentos de luta. Um é o Comitê de Defesa Proletária e o outro é a Comissão de Imprensa, que, como você disse, reúne inclusive o Estadão.

Ailton Fernandes: A imprensa teve um papel importante ao fazer o meio de campo. Como o governo achava que questão social era uma questão de polícia, não havia nenhuma forma de negociação. O que os trabalhadores queriam? Reajustes nos salários, melhores condições de vida e de trabalho e, graças à imprensa, incluindo-se aí o Estadão, entre outros jornais, eles conseguiram o reajuste salarial. Mas o avanço foi em vitórias pontuais. A gente só vai ter mesmo vitórias efetivas quando foi publicada a Consolidação das Leis do Trabalho. Naquele primeiro momento houve uma vitória pequena.

Saldo político

André: O saldo político da greve de 1917, além das conquistas pontuais e tudo mais, foi uma conscientização mais avançada de classe.

Ailton Fernandes: Exatamente. O trabalhador passou a se ver como sujeito histórico. Mais uma vez volto a dizer: quem trabalha oito, dez, doze, quatorze horas, é alienado do trabalho. Ele não sabe da sua importância histórica. Karl Marx trabalha esse conceito. E esse movimento fez com que o trabalhador percebesse a sua força enquanto sujeito histórico. A greve de 1917 foi fundamental para o Brasil começar a criar um estado de direito democrático.

André: Você diria que foi a primeira grande greve relevante da nossa história?

Ailton Fernandes: Foi. Penso que a gente só vai ter algo parecido com as greves do ABC nos anos 1970/80. Dos metalúrgicos do ABC.

André: Com essa dimensão social…

Ailton Fernandes: Social e histórica, pois coloca o trabalhador como sujeito da história e proporciona o surgimento de lideranças políticas.

Anarquismo

André: Por que o anarquismo perdeu força depois de alcançar uma vitória tão expressiva?

Ailton Fernandes: Eu estava vindo para cá, no metrô, e estava pensando em como o termo anarquismo tem uma carga muito negativa. Quando a gente era criança, na escola, e fazia bagunça, a professora falava: “Que anarquia é essa?”, não é? Está anarquizando!

Mas quem conhece o movimento anarquista sabe da sua importância na formulação de ideias, da superação, da liberdade. O anarquismo é libertário. Não há como não simpatizar com um movimento que prevê, se fosse possível, se não fosse tão utópico, a liberdade humana na sua maior amplitude.

Só que os anarquistas, como nós dissemos, acabaram caindo em uma armadilha. A greve, depois de passada, foi divulgada como uma balbúrdia social, uma bagunça. E aí ficou essa carga negativa da palavra anarquia na população em geral, na população média. Isto é uma coisa. A outra coisa foi a vitória dos bolcheviques na Rússia. Embora os anarquistas fossem minoritários na Segunda Internacional, eles deram um pouco o tom da discussão. Mas, na Terceira Internacional eles foram expulsos pelos bolcheviques. Havia uma disputa política, uma distensão entre dois grupos que no começo estavam juntos. Em 1922, foi fundado o PCdoB – Partido Comunista Brasileiro. Mas observe essa partícula do B. Por quê? Porque a matriz era em Moscou e aqui era uma sessão. Os anarquistas, então, perderam esse time, perderam a discussão política. Por outro lado, foram pulverizadas pelo preconceito, pela polícia. Quantos, e isto é relatado, quantos anarquistas italianos, espanhóis foram presos e deportados, assassinados, executados pela polícia? Eles perderam esse debate por conta dessa conjuntura. Mas não há como não simpatizar com uma filosofia que prega a liberdade plena. Não há como!

A greve 100 anos depois

André: Qual contraponto dá para fazer entre aquela situação de 1917 e a de 2017?

Ailton Fernandes: Parece que o estado brasileiro voltou àquela máxima de que o movimento social se trata com a polícia. O que aconteceu na quarta-feira, dia 24 de maio?

Dia 24 de maio de 2017, na Esplanada dos Ministérios, eu estava presente e presenciei a forte repressão aos movimentos sociais. Fortíssima! Inclusive foi um movimento que começou e terminaria pacífico.

A linha que liga os últimos 100 anos é a da repressão. É a linha do Estado usando sua mão forte contra os trabalhadores. Imagino que a gente esteja vivendo em um estado de sítio. E por quê? O governo quer, tendo essa elite por detrás, desmontar uma estrutura social que está sendo construída há 100 anos. E quer desmontar isso tudo com uma “canetada”. O que está acontecendo hoje neste país é o desmonte de uma teia social que foi criada para proteger o trabalhador.

25/05/2017- Brasília- DF, Brasil- Manifestação tem tumulto na Esplanada dos Ministérios
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Carol: Como você avalia a evolução nas condições de trabalho?

Ailton Fernandes: De 100 anos para cá melhorou, não há dúvidas. Sabemos que o salário mínimo é uma falácia, mas ele existe. Ele existe e nos últimos anos foi até valorizado, subiu mais do que a inflação. É insuficiente, a gente sabe, mas mesmo ele sendo insuficiente é melhor do que não tê-lo. Porque em 1917 a negociação era direta com o patrão, e o patrão pagava o que bem entendia.

Tem gente que diz que a única coisa que se compara ao impacto psicológico causado pelo desemprego é o luto. Quando alguém querido falece e você fica enlutado, é o mesmo impacto psicológico que teria com o desemprego. Então esses trabalhadores de 1917 não podiam reivindicar porque ficavam desempregados. Hoje existem salvaguardas, e essas salvaguardas a gente não pode perder. O trabalhador não pode negociar diretamente com o patrão. Não pode porque ele vai ficar acuado. Eu vejo isto no sindicato, no dia a dia, como os professores são tratados por alguns empresários da Educação. Tenho debatido muito o assédio moral no sindicato. O trabalhador, individualmente, não tem condições de evitar isso ele precisa do sindicato.

André Cintra é jornalista

Carolina Maria Ruy é coordenadora do Centro de Memória Sindical

Veja a entrevista:

 

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  • João Bosco Pedrosa de lima

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